Apesar de ouvir falar bastante sobre Eminem e Kanye West, nunca me interessei muito pelo trabalho de nenhum dos dois. Cheguei a comprar, há alguns anos, um disco de West – “Late registration” -, mas faz anos que não o ouço. Imagino que o tenha adquirido por estar muito barato ou para compor algum pedido e conseguir um frete grátis. Já fiz muito isso, arriscar num produto só pelo preço e pelo frete. Não faço mais.
Como eu dizia, nunca tive muito interesse por nenhum deles. Ninguém nunca me recomendou que os ouvisse também – até onde sei, no meu círculo de amizades não há fãs nem de um nem do outro, não obstante o grande público que ambos têm.
Mas, depois de ver duas performances de ambos – uma de cada, para ser mais específico – no YouTube, decidi abrir espaço para West e Eminem neste blog e também nos meus ouvidos. Primeiro veio West: depois de ver o trailer de “Wolf of Wall Street” umas duas ou três vezes, por causa da música, fui atrás de saber que canção era aquela. Descobri que é “Black Skinhead”, do disco “Yeezus”, lançado este ano. Em busca de ouvi-la por inteiro, encontrei uma performance de West no Saturday Night Live. Uma apresentação absolutamente incrível.
Já Eminem me chegou por acaso. Cliquei em algum vídeo do YouTube e, como propaganda antes do início do vídeo, apareceu uma performance arrasadora de Eminem no YouTube Music Awards cantando “Rap God”, música que está no seu novo disco, “The Marshall Mathers LP 2”, lançado no último dia 5.
Depois de assistir aos vídeos e ouvir as músicas – bem mais de uma vez -, fiz rápidas pesquisas sobre ambos. E fiquei sabendo, por exemplo, que o terceiro disco de Eminem, “The Marshall Mathers LP”, é o álbum solo que mais vendeu em um curto espaço de tempo nos Estados Unidos: nada menos que mais de 1 milhão e 700 mil cópias em uma semana (a informação é da Wikipédia). É claro que esse recorde não é garantia de qualidade. Mas não deixa de ser impressionante.
Sobre West, dois dados chamaram a minha atenção, em outra rápida pesquisa na Wikipédia: a quantidade de Grammys que ele ganhou – 21 – e a quantidade de projetos sociais com os quais ele se envolve. Não são muitos, mas não são poucos. Isso também não é garantia de nada – pode ser apenas marketing -, mas não deixa de ser louvável.
Entretanto, o assunto aqui não é o desempenho comercial de um nem a filantropia do outro.
O assunto aqui é que me peguei pensando em como a performance de um artista pode atrair o público para o seu trabalho, em como é importante apresentar-se bem, não importando que tipo de apresentação é essa, nem o ramo do artista. (Uma reflexão mais gasta do que a sola do tênis que uso para trabalhar, admito.) Pode ser um show, uma mesa redonda, um discurso, uma entrevista ou mesmo um bate-papo. Mudando da música para a literatura, o discurso polêmico do escritor Luiz Ruffato na Feira do Livro de Frankfurt despertou a minha curiosidade para a obra do autor. As entrevistas divertidíssimas do escritor Fabrício Carpinejar no Programa do Jô com certeza deram a ele um bom punhado de leitores. Isso para citar apenas alguns casos.
Não quero dizer com isso que o artista deva se preocupar mais com suas aparições públicas do que com a sua própria arte – se as canções de West e Eminem não fossem boas, de nada adiantariam boas performances. Mas é preciso ter consciência de que uma boa impressão pode, sim, conquistar no mínimo a curiosidade de algumas pessoas, que podem no futuro se transformarem em admiradores. Já ouvi “Yeezus” uma vez e estou dando um tempo para fazer a segunda audição; também escutei algumas músicas de “The Marshall Mathers LP 2” e já estou decidido a comprar os dois discos assim que puder.
Por outro lado, é preciso, também, ter consciência de que uma má impressão pode fazer com que um artista perca parte do seu público, ou deixe de conquistar a curiosidade de algumas pessoas. Mas este é um assunto que podemos deixar para um próximo post.