Estreou na Netflix a série de documentários “Na rota do dinheiro sujo” (“Dirty Money”, no original). São seis episódios sobre episódios de corrupção ou pessoas tumultuam/tumultuaram o mundo financeiro (o último documentário é sobre Donald Trump).
Por ora, assisti apenas ao primeiro episódio, que é sobre o recente escândalo envolvendo a Volkswagen. A empresa fraudou os dados de emissão de poluentes dos seus carros a diesel nos Estados Unidos e mesmo apesar das perdas financeiras com o processo decorrente da fraude tornou-se a maior fabricante de carros do mundo.
A justiça dos EUA foi rigorosa com a empresa, mas, na Europa, os carros da Volks – e de outras montadoras, como Mercedes e BMW – continuam emitindo mais poluentes do que o tolerável. Isso implica em doenças e mortes, mas a grande verdade é que as empresas simplesmente não se importam com isso.
A Volks, por exemplo, quando soube que pesquisadores estavam prestes a descobrir o mecanismo que fraudava os níveis de emissão de poluentes dos carros a diesel, criou um novo mecanismo de fraude para tentar despistá-los.
Ou seja: eles fraudaram a fraude.
O primeiro episódio de “Na rota do dinheiro sujo” mostra como as grandes empresas são parte da esculhambação que move e destrói o mundo e que esmaga as pessoas. As mega corporações, aliadas a políticos e/ou governos corruptos, estragam a vida de todos – quer dizer, de quase todos. O 1% mais rico quase nunca é afetado.
As mega corporações emitem mais poluentes sabendo que emitem, usam trabalho escravo sabendo que usam, causam doenças sabendo que causam. É por isso que deixar as rédeas do mundo na mão desse “empresariado” e do “mercado” significa o nosso calvário. Eles se safam. Nós, não.
Por exemplo: o presidente da Volks na época em que o escândalo veio à tona, e que foi forçado a sair da empresa após declarar que “alguns engenheiros erraram”, como se ele não soubesse de nada, não sofreu nenhuma acusação da justiça e saiu ileso.
O caso da Volks é apenas um exemplo, é apenas uma fraude que veio à tona. Quantas ainda não foram descobertas?
Interessante observar nesta série as denuncias mais contundentes são contra a Volkswagen, alemã; HSBC, chinesa e Laboratórios Valeant, canadense e outros. Contra os americanos, só fichinhas. Bem fascistas, vocês não acham?
Talvez porque sobre escândalos envolvendo empresas dos EUA já haja muitos documentários (e filmes) produzidos… Mas interessante você utilizar a palavra “fascistas”. Na próxima semana vou publicar uma resenha do livro “O que é o fascismo? e outros ensaios”, coletânea de artigos de George Orwell, e em um dos textos ele fala sobre a banalização (já no tempo dele, imagine) do termo “fascista”.
Excelente Rafael
Bondade sua, Róbson!