Já perdi a conta de quantos textos escrevi sobre Fernando Sabino e, principalmente, “O encontro marcado” – para mim, o melhor romance brasileiro da segunda metade do século XX. Não li, é verdade, muitas outras obras-primas publicadas no mesmo período. Ou seja, não tenho grande conhecimento de causa para fazer uma afirmação assim tão categórica. Mas, diante da força do “Encontro” e do que já ouvi pessoas mais gabaritadas do que eu dizerem sobre ele, posso fazer tal afirmação sem medo, ainda que ela possa – e deva – ser contestada por muita gente.
O texto mais recente que escrevi sobre Fernando foi publicado na edição deste mês do jornal Cândido, suplemento literário da Biblioteca Pública do Paraná. Ele estampa a seção “Making Of” da edição, e a ideia foi mostrar um pouco dos bastidores da escritura de “O encontro marcado”. Em vez de tentar fazer um panorama da época e também da vida do Fernando, preferi focar apenas na vida dele. Por dois motivos: 1º, não posso mentir, tenho mais conhecimento sobre a situação que ele passava quando escreveu o romance do que sobre como estava o país na época; 2º, se fosse falar sobre o momento histórico-cultural do Brasil, o texto ficaria “incompleto” tanto de um lado quanto de outro, por questões de espaço. Então, para tentar fazer com que o texto ficasse mais encorpado, preferi fazer esse recorte e me concentrar somente no Fernando.
É claro que, ainda assim, o texto não ficou como eu gostaria que ficasse, mas acho que dei conta do recado. Exceto por três detalhes, três pequenos detalhes que me deixaram indignado comigo mesmo.
Na verdade, três erros meus. Erros bobos, que até hoje não entendo como os deixei escapar. Porque, para escrever o texto, pesquisei bastante. E não apenas no Google, nada disso. Consultei jornais da época, me cerquei de livros tanto do Fernando quanto de outros autores que citam ele, pedi informações a amigos e conhecidos que tiveram contato com Fernando, enfim, tentei fazer algo bem feito, mesmo.
Depois de pronto, li, reli, treli o texto. Mas, ainda assim, os erros passaram. Erros idiotas que me levaram a quase escrever um texto intitulado “Retrato do escritor quando idiota”, esculhambando minha própria pessoa. (Se bem que, de certa forma, é isso o que estou fazendo.)
Os erros, por ordem de aparição, foram os seguintes:
1) eu digo que “A vida real”, volume que reúne 5 novelas do Sabino, publicado em 1952, é uma novela;
2) digo que Wilson Figueiredo, nascido em 1924, nasceu em 1928;
3) digo que Humberto Werneck, nascido em 1945, nasceu em 1946.
São erros bobos, e até agora me pergunto como pude me deixar cair nesses buracos. Porque, por exemplo, eu tenho “A vida real”, eu sei que o livro é uma reunião de novelas. Eu tenho livros do Humberto Werneck e nas orelhas deles está a informação de que ele nasceu em 1945. E eu consultei fontes confiáveis sobre Wilson Figueiredo – chequei-as novamente quando fiquei sabendo dos erros, para ver se o erro foi da fonte ou meu, e as informações estavam corretas. Não sei se meu dedo escorregou e clicou na tecla errada, ou se foi pura e simplesmente falta de atenção, não sei. Só sei que esses erros me incomodaram e continuam me incomodando demais. Mas enfim.
Quis escrever este texto agora para não passar o dia de hoje “em branco”. Porque hoje, se vivo estivesse, Fernando Sabino completaria 90 anos. Então, aqui está: mais um “texto” – está mais para um pedido público de desculpas, na verdade, aos leitores e editores do Cândido e, claro, ao Sabino – na conta e, abaixo, links para o meu texto no Cândido e para outros que foram publicados hoje no jornal “Estado de Minas”.
“Um jovem romance de 57 anos” – Rafael Rodrigues
“Cavaleiro do futuro” – Carlos Herculano Lopes
“Amigo é para essas coisas” – João Paulo
“O menino e o homem” – João Paulo
“Paixão correspondida” – Mariana Peixoto