Foi em 2000 que o Linkin Park lançou seu primeiro disco, “Hybrid Theory”. Eu tinha 17 anos e era influenciado pela MTV. Aliada à música enérgica e angustiada, os clipes da banda eram muito bem produzidos e também angustiantes. Essa química acabou conquistando milhões de fãs, inclusive este que vos escreve.
Anos depois, em 2003, o Linkin Park lançou seu segundo álbum, “Meteora”. Com letras e melodias mais aprimoradas, e com os clipes ainda melhor produzidos, o Linkin Park arrebatou ainda mais fãs e renovou os que já eram seus “seguidores”. Eu, por exemplo, que já andava um tanto cansado do “Hybrid”, colocava o “Meteora” para tocar a todo o volume.
Em 2007, o Linkin Park lançou “Minutes to Midnight”, o álbum que considero ser o melhor da banda, e que estou ouvindo enquanto escrevo. É neste disco que está a maioria das minhas músicas prediletas do Linkin Park: “Leave out all the rest”, “Given up”, “Bleed it out”, “What i’ve done”, “Hands held high”, “No more sorrow”, “Valentine’s Day” e “The little things give you away”. Há mais algumas no “Meteora”, como “Numb” e “Faint”. Já não escuto mais o “Hybrid Theory”. O que a banda produziu depois dele, na minha opinião, o ofuscou.
Depois do “Minutes to Midnight”, veio “A thousand suns”, do qual não gostei muito. E a partir daí não comprei mais nenhum disco da banda. Sempre que saía alguma coisa nova, ouvia pela internet, mas sem o mesmo entusiasmo que tinha – e ainda tenho – pelo “Minutes” e pelo “Meteora”.
Bem, aqui eu preciso ser sincero. Não estou escrevendo este texto para você, estou escrevendo este texto para mim. Por mim. E, na verdade, eu só queria dizer que o dia de hoje não está sendo fácil para quem, como eu, desenvolve, através da arte, sabe-se lá como ou por quê, uma conexão inexplicável com artistas que nunca viu na vida.
Nunca fui a um show do Linkin Park, não sigo a banda nas redes sociais, não acompanho a carreira dos caras. Não sou um grande fã do Linkin Park. Mas os primeiros discos deles – assim como outros discos e outras bandas – me ajudaram a atravessar muitos momentos chatos na vida – poderia substituir “chatos” por “difíceis”, mas seria dar importância e peso desnecessários às angústias de um adolescente/jovem adulto.
Olho agora para trás e lembro de me trancar no quarto e colocar os discos para tocar em volume alto, quando queria ficar sozinho. Lembro de usar costeletas de roqueiro, lembro da minha primeira guitarra, de como eu fazia para tocar antes de ter uma caixa apropriada (eu a plugava no som da sala, o que acabou danificando uma das caixas do som). Lembro de o “Meteora” ser trilha sonora quase obrigatória quando saía de carro com um dos meus amigos, e de tempos depois, quando comecei a dirigir, também colocar o “Meteora” para tocar no carro. Lembro da surpresa que foi ouvir o “Minutes to Midnight” e descobrir uma evolução ainda maior no som da banda, iniciada no disco anterior.
Passei da adolescência para a fase adulta ouvindo, entre outras bandas, o Linkin Park. Até alguns anos atrás, sempre que precisava “extravasar”, colocava o “Meteora” para tocar, sempre em alto volume. Envelheci escutando o Linkin Park, amadureci escutando o Linkin Park, superei momentos “chatos” com o Linkin Park.
E onde estava/está a música do Linkin Park, está a voz de Chester Bennington. Gritei junto com ele incontáveis vezes. Desabafei através de suas canções, de sua raiva, de sua angústia, de sua melancolia, e também de sua doçura e esperança. Por tudo isso, não é fácil saber que ele morreu. Assim como também não foi fácil saber da morte de Chris Cornell, poucos meses atrás. E justamente hoje, dia da morte de Chester, seria aniversário do Chris.
Enfim. Não sei mais o que dizer. Acho que não tenho mais o que dizer. Só me resta desejar que a família e os amigos de Chester tenham força e serenidade para atravessar esse momento terrível.
Me despeço com estes versos de “Leave out all the rest“:
“When my time comes forget the wrong that I’ve done/ Help me leave behind/ some reasons to be missed/ And don’t resent me, and when you’re feeling empty/ Keep me in your memory, leave out all the rest/ Leave out all the rest”
(“Quando minha hora chegar, esqueça o que eu fiz de errado/ Me ajude a deixar para trás/ alguns motivos para ser lembrado/ e não guarde rancor de mim, e quando você se sentir vazia/ Guarde-me em sua memória, deixe todo o resto de fora/ deixe todo o resto de fora“)