Invictus

InvictusInspirador. Esse foi o melhor adjetivo que encontrei para o filme “Invictus”, lançado em 2009 mas que só agora assisti.

Dirigido por Clint Eastwood e protagonizado por Morgan Freeman e Matt Damon, “Invictus” é baseado em uma história real: pouco depois de ser eleito presidente da África do Sul, em 1994, Nelson Mandela (Freeman) precisava encontrar uma maneira de diminuir o abismo existente entre os brancos e os negros do seu país, provocado pelo apartheid, regime de segregação racial que vigorou na África do Sul entre 1948 e 1994. Mandela viu uma oportunidade de isso acontecer através do rugby, esporte popular entre os brancos, mas não tanto entre os negros, que torciam contra a seleção do próprio país, pelo fato de que ela os fazia lembrar do apartheid.

Mandela imaginava que, se o time sul-africano tivesse sucesso, a imagem negativa que os negros tinham da seleção poderia ser dissipada, e isso poderia resultar num arrefecimento de ânimos – e quem sabe até na união de um povo – ao menos é o que o filme nos leva a entender. Mas o presidente não se apega apenas a isso, e inicia sua tentativa de acabar com o preconceito entre brancos e negros a partir de seu próprio staff, ao mesclar pessoas de ambas as raças em sua equipe. A ideia de “se aproveitar” da seleção de rugby vem depois, e tentar inspirá-la é um esforço pessoal, decisão tida por alguns de seus funcionários mais próximos como uma coisa que não levará a lugar algum. Ele convida o capitão da seleção, François Pienaar (Damon), para uma conversa, e pede para que ele e seus comandados sejam campeões da Copa do Mundo de Rugby de 1995, que aconteceria na África do Sul. Um pedido que poderia ser considerado uma piada, tendo em vista o retrospecto da seleção.

Acontece que entre Mandela e Pienaar nasce uma grande relação de admiração e respeito, a partir do momento em que o capitão da seleção descobre alguns detalhes da vida pregressa do presidente. Como, por exemplo, uma das celas que ele ocupou durante o período em que esteve preso (quase 30 anos). Em dos encontros entre os dois, Mandela diz a Pienaar que, durante o tempo que passou na prisão, um poema manteve sua esperança, sua vontade de viver. O poema, belíssimo, se chama “Invictus”, e foi escrito pelo inglês William Ernest Henley (1849–1903).

(Clicando aqui você pode ler o poema no original e também em uma tradução.)

(Clicando aqui você ouve o poema em narração de Morgan Freeman.)

E é por causa da admiração e do respeito que Pienaar passa a ter por Mandela que o atleta leva a sério o pedido presidencial. A partir daí – e também por estar farto de ver seu time perder -, ele tenta fazer com que seus companheiros o acompanhem nessa “missão”. O que não foi fácil, mas se mostrou não ser impossível.

Os anos passaram e o noticiário internacional mostrou e continua mostrando que os problemas da África do Sul não foram totalmente resolvidos. Mas “Invictus” nos faz ver que às vezes a solução para uma determinada situação pode estar onde menos se espera; e que às vezes não se pode solucionar um problema de maneira rápida e imediata, mas que é possível chegar, pelo menos, a um bom começo.

* Para maiores detalhes sobre os fatos que inspiraram o filme, recomendo a leitura do texto “A África do Sul, o Rugby e o Apartheid“, de Virgílio Franceschi Neto.

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