Stanislaw Ponte Preta, para quem não sabe, foi/é o pseudônimo do escritor e jornalista Sérgio Porto, nascido no Rio de Janeiro em 1923 e falecido no mesmo Rio em 1968.
Um dos melhores cronistas do país, Sérgio Porto fez parte de uma geração inigualável. Foram seus contemporâneos Rubem Braga, Fernando Sabino, Paulo Mendes Campos, Antonio Maria, Otto Lara Resende, Clarice Lispector e Nelson Rodrigues, só para citar os maiores nomes da crônica brasileira. Para utilizar um lugar-comum: foi uma época de ouro.
Desse grupo, Porto era um dos mais bem-humorados, e tinha um dos textos mais límpidos. Era, também, provavelmente, o mais “malandro” de todos, mas no bom sentido. Ele conseguia transitar, de maneira brilhante, entre a inocência e a malícia. Na delicadeza, pode-se colocar Porto no mesmo nível de Rubem Braga e Paulo Mendes Campos; no humor, ele e Sabino se aproximam. Na malícia, fica ao lado de Antonio Maria.
A editora Companhia das Letras deu início, em 2014, à reedição da obra de Sérgio Porto, que se encontrava com o grupo Ediouro. Com um projeto gráfico mais charmoso e mais bonito, e sob curadoria do infalível e enciclopédico Sérgio Augusto, a editora lançou, em agosto passado, o volume de crônicas “O homem ao lado”, primeiro livro assinado por Sérgio Porto, que assinaria apenas mais um com seu nome, “A casa demolida”, depois amalgamado com o primeiro – foi essa edição ampliada que a Companhia lançou. Os que vieram depois foram assinados por seu pseudônimo. É o caso de “Febeapá” (488 págs., R$ 54,90), o livro mais conhecido de Stanislaw Ponte Preta – na verdade, ele reúne três livros de SPP-, que chegou às livrarias há poucas semanas.
Segue a sinopse:
“O fato é que nossos políticos capricham. Inventam leis estapafúrdias, castigam o idioma, têm mão leve, adoram um agradinho e são loucos por um esquema. E não é de hoje. Há mais de cinquenta anos, Stanislaw Ponte Preta fustigava os despautérios cometidos pelos donos do poder em textos brilhantes e devastadores que eram lidos no jornal por todos os brasileiros.
Febeapá, o “Festival de besteiras que assola o país”, reúne hilariantes textos em que generais, capitães, deputados, prefeitos e outras figuras da cena política são pulverizados pela verve satírica do autor. Não sobra nada. Foram poucos os escritores brasileiros que tiveram coragem de “peitar” a Ditadura com tanta corrosão e petulância.”
Recomenda-se comprar e ler “Febeapá” com urgência!