Quem conhece Pablo Marçal sabe que ele sempre foi um exemplo de coragem. Mas, depois de se lançar como candidato à prefeitura de São Paulo, Marçal sentiu pela primeira vez o amargo sabor do medo. O bem-sucedido empresário e ex-coach afirma, nesta entrevista exclusiva, autorizada a ser veiculada apenas após o resultado da eleição municipal de São Paulo, ter triplicado a quantidade de seguranças pessoais nos últimos meses e diz também que atualmente vive em constante estado de alerta. Ao buscar uma pessoa para comparar a sua situação, Marçal faz um comentário que surpreenderá até mesmo seus mais fiéis seguidores.
Candidato, gostaria de começar essa entrevista dando a chance de o senhor explicar por que não autorizou que a nossa conversa fosse publicada antes das eleições. Acredito que os eleitores precisam saber disso.
Candidato, não: próximo prefeito da cidade de São Paulo. Mas vamos lá. Olha, Gabriel, eu não tenho nenhum problema em falar sobre isso não. Quem me conhece sabe que eu parto pra cima mesmo e dou a cara pra bater. No caso dessa entrevista, eu prefiro que ela seja publicada após a eleição porque não quero que ela interfira no resultado da votação, não quero que os eleitores sejam influenciados pelo que vou falar aqui. Sou muito verdadeiro em tudo que falo, e muitas vezes a verdade pode ser decepcionante para alguns.
Entendi, candidato. Falando em verdades, o senhor se arrepende por alguma coisa que disse durante a campanha? Por exemplo, o senhor acusou o candidato Datena de ser um criminoso sexual e o candidato Boulos de ser usuário de drogas, mesmo sem haver provas ou mesmo indícios desses crimes.
Vou te ser sincero: não me arrependo, não. Eu até pedi desculpas à Tabata pelo que falei sobre o pai dela, mas foi só pra acalmar ela um pouco, porque também não me arrependo do que disse. Cara, eu não gosto do Datena, não gosto do Boules, não gosto da Tabata. Se o Datena não é estuprador, se o Boules não é cheirador e se a Tabata não fez o pai ir de arrasta pra cima, eles que provem, isso é problema deles, não meu.
Mas foi o senhor que fez essas acusações, candidato…
Uai, e qual é o problema? Quando alguém me acusa, eu me defendo. É simples. Se tivessem me acusado de alguma coisa durante a campanha, eu iria me defender, e tá tudo certo.
Na verdade, eles acusaram, candidato. Disseram, entre outras coisas, que o senhor participou de uma quadrilha que aplicava golpes financeiros, que o senhor provocou a morte de um funcionário e que colocou em risco as vidas de 32 pessoas numa escalada ao Pico dos Marins, em São Paulo…
E eu me defendi de todas as acusações. No caso dos golpes, o crime prescreveu. Se a justiça brasileira é lenta, a culpa é minha? No caso do funcionário que morreu, ele correu a maratona porque quis, e, no caso da escalada, eu não obriguei ninguém a subir comigo. Cada um é responsável pelos seus próprios atos. Eu não posso ser responsabilizado por alguém cair num golpe. A culpa é de quem caiu no golpe. E nem fui eu que dei o golpe, eu só era uma peça na engrenagem da gangue, tanto que nem foi nessa época que comecei a ficar rico. A mesma coisa com o moleque que morreu: vê se tem alguma prova de que obriguei ele a correr a maratona. Não tem. Vê se tem alguma prova de que forcei aquelas pessoas a subir o Pico dos Marins. Não tem. Tudo isso é mimimi desse consórcio comunista que está tomando conta do Brasil. Eles querem me destruir, mas eu vou pra cima!
A propósito, candidato, o senhor disse recentemente que triplicou o número de seguranças particulares nos últimos três meses. O senhor tem sido alvo de ameaças?
Sim, muitas ameaças.
Que ameaças são essas, candidato? Sua equipe sabe quem são essas pessoas? Elas fazem parte do que o senhor chama de “consórcio comunista do Brasil”?
Tão me ameaçando de tudo quanto é jeito. De porrada, de morte… Mas sabe que não são do consórcio comunista? É até curioso isso, vou te contar. Esse pessoal da esquerda é bunda mole, eles não têm coragem de fazer nada contra mim. Vê se o Boules me deu uma cadeirada. Quem deu foi o Datena, que se diz de direita… As pessoas que estão me ameaçando são de direita e de extrema-direita, e quase todas elas dizem nas mensagens e e-mails que o verdadeiro líder da direita é o Bolsonaro. Essa gente, sim, pode fazer alguma coisa contra mim, e é delas que estou me protegendo. Eu sou a versão antissistema do Marcelo Freixo.
Estamos nos encaminhando para o fim da entrevista. O senhor pode fazer suas considerações finais, candidato.
Agradeço a vocês pelo convite. E se você, eleitor, estiver assistindo a esta entrevista após a minha vitória na eleição, fique certo de que…
Candidato, esta entrevista não está sendo gravada. Está sendo transmitida ao vivo.
COMO ASSIM???
Demos um golpe em você, seu filho da puta arrombado do caralho.