Esqueça aqueles três pentelhos de longos cabelos loiros cantando “Mmm bop, ba duba dop/ Ba du bop, ba duba dop/ Ba du bop, ba duba dop/ Ba du”. Aliás, não, não esqueça. Lembre-se deles. Estando onde estão hoje, é bom ter em mente de onde eles começaram.
Estou, é claro, falando dos irmãos Hanson, que farão dois shows no Brasil este mês. Primeiro, no Rio de Janeiro, dia 20 (sábado), e depois, em São Paulo, dia 21 (domingo). As apresentações fazem parte da turnê do novo disco, “Anthem”, lançado em junho.
“Anthem” vem sendo considerado o disco mais pesado dos Hanson. É complicado falar em “peso” quando se fala dos Hanson, mas, realmente, as guitarras aparecem com mais distorção em boa parte das canções do álbum. Isso não significa, nem de longe, que a banda esteja mudando seu estilo musical. Uma maior presença de guitarras já foi experimentada no sensacional “The Walk” (2007), que continuo considerando o melhor disco da banda até aqui. Agora, o “peso” não está apenas em duas ou três músicas, mas em cinco ou seis. A diferença, apesar de significativa, não é tão grande, e é por isso que essa questão é irrelevante.
Porque não importa se este é o disco mais pesado ou não dos Hanson. Não importa se as guitarras aqui estão mais presentes ou não, se estão mais distorcidas ou não. O que importa é que “Anthem” é um excelente disco, e que dá continuidade à série de grandes trabalhos da banda, iniciada em 2000 com o ótimo “This time around”.
“Anthem” começa com três petardos: a roqueira “Fired up”, com um riff de guitarra estonteante; a sessentista rapidinha “I’ve got soul”, com um belo naipe de metais; e mais uma roqueira, “You can’t stop us”. Depois, vem a animadinha “Get the girl back“, com a balada “Juliet” em seguida. E aqui há, além de uma diminuída no ritmo do disco, uma mudança no teor das letras. Se nas três primeiras canções os versos soam quase como desabafos, nas duas seguintes o amor é o tema – “Get the girl back”, que tem também um excelente naipe de metais, se entrega pelo título; “Juliet” é uma declaração de amor, mas seu ritmo arrastado pode deixar o ouvinte um pouco entediado, depois de ouvi-la uma porção de vezes.
O disco recupera o vigor roqueiro com a apoteótica “Already home”, que possui um dos melhores arranjos do disco, além de ter uma das melhores letras. Depois, caindo o ritmo de novo, vem a balada “For your love”. Mas é por pouco tempo, porque logo em seguida vem a enérgica “Lost without you” (o “perdido sem você” é um dos maiores clichês do mundo da música, mas ainda pode funcionar, se o arranjo da canção valer a pena, o que é o caso) e a – vou usar a palavra novamente – animadinha “Cut right through me”. Elas abrem caminho para “Scream and be free”, a melhor música do disco, e certamente uma das melhores canções que os Hanson já fizeram – se não for a melhor.
E se até o momento não citei versos de nenhuma das canções, faço questão de reproduzir boa parte dos versos de “Scream and be free”:
“If I wait for summer to begin I may never begin myself
If we look to another for our dreams they may never become our own
There’s a story every girl will share and a journey every boy must take
Sing it if you know it
Scream it if you feel it
There’s nothing standing in your way
Follow along with me
Scream and be free
(…)
If you’re always living for tomorrow you’re gonna miss right now
If we’re only looking in the mirror we’ll never see ourselves
(…)
Raise your voices
Singing one more song
We will not be here for too long
Ohohohohoh
Raise your voices
Singing my anthem
Make your mark before we’re undone”
[Clique aqui para ouvir a música no Grooveshark.]
Fechando o disco temos a dançante “Tragic symphony”, que poderia perfeitamente estar no disco anterior, “Shout it out” (2010); “Tonight”, que, assim como “Scream and be free”, também fala sobre não deixar atitudes e decisões para depois, pois pode ser tarde demais; e a sofrida “Save me from myself”.
É muito cedo para pensar no próximo álbum dos Hanson, mas “Anthem” parece ser parte de uma trilogia, involuntária, talvez, que foi iniciada em “Shout it out” e que provavelmente será finalizada no próximo disco. Assim como “This time around”, “Underneath” e “The Walk” também parecem compor uma espécie de trilogia. Mas se esta, finalizada, foi uma trinca de discos de amadurecimento da banda, e a que está em curso aparenta ser uma sequência de trabalhos que estão solidificando um novo caminho, não há como não pensar no futuro dos irmãos Hanson. É impossível prever o que vai acontecer, mas uma coisa é certa: eles ainda vão surpreender muita gente.
Rafael, ótima review!
Como sempre, profissionalismo crítico e ideias muito bem organizadas!
Além do mais, fala com total propriedade, uma vez que é fã da banda, conhece seu trabalho e não redige algo apenas no ‘achismo’ e com base em meia dúzias de músicas que já ouviu!
Parabéns!
Forte abraço!
obrigado, Raquel!
Oi Rafa!!!
Em certo niver, ganhei o tal “Mmm bop, ba duba dop/ Ba du bop, ba duba dop/ Ba du bop, ba duba dop/ Ba du”, e fiquei somente nele. Diante deste post, onde fiquei babando pelas suas palavras, só me resta ir em busca do que perdi.
Bjão… 😉
valeu, Bel!
Uma das melhores criticas que li sobre o cd, sobre a Banda…
Não pq sou fã, sim eu sou, mas acho que a evolução deles é junto com a nossa… Adorei tuas palavras, acho que captamos a mesma msg!
bjs
obrigado, Carol!
16 anos sendo fã da banda e ler uma review dessas só nos dá mais orgulho!
\o/
Adorei o profissionalismo da crítica. Concordo em número, gênero e grau! Parabéns! Ótimo texto!
obrigado, Michelle!
Adorei!!!
Concordo com vc: Scream and be free é a melhor de todas!!!
Uma grata surpresa encontrar esse texto enquanto procurava matérias sobre o trabalho atual do Hanson.
Apesar de ser um texto de 2013, a banda ainda trabalha na divulgação deste álbum enquanto prepara o próximo. Tenho esse Cd e adoro a pegada mais rock que ele nos trás. Realmente juliet não me agrada tanto quanto todas as outras. Lost without you é incrível quando Taylor a canta apenas com o acompanhamento do piano.
Super obrigada pela propriedade de suas palavras.
Obs.: quanto a “Scream and be free”, é quase perfeita mesmo (quase devido ao oh oh oh oh…. não combina muito com o titulo)